Arquivo para a categoria “Tradução”

Comunicado da ABRATES – Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes

Prezados,

A Diretoria da Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes (ABRATES) cumpre o dever de esclarecer que nenhuma entidade, comercial ou não, seja prestadora de serviços de tradução ou formadora de profissionais da área, está autorizada a falar em nome da Associação, do programa de credenciamento ou de qualquer outro evento promovido por ela. Lembramos, ainda, que existem duas modalidades de associação: o associado, que recebeu aprovação segundo os critérios estabelecidos em estatuto ao se candidatar; e o credenciado, que, além de obrigatoriamente ter sido previamente aprovado como associado, foi aprovado no exame de credenciamento, promovido periodicamente pela ABRATES.
Nenhuma outra instituição concede o direito de credenciamento pela ABRATES e, ressalte-se, nenhuma empresa ou instituição é credenciada pela ABRATES. A Associação recomenda cursos de formação na área, que também foram aprovados segundo o estatuto, mas nenhum curso preparatório é exigido para que o associado se candidate a prestar o exame.
Contamos com a colaboração de todos para manter-nos atualizados se e quando o nome da associação estiver sendo mal utilizado para que sejam tomadas as providências necessárias. Estamos à disposição pelo e-mail: abrates@abrates.com.br ou na página da Associação aqui no Facebook e no Twitter: _abrates.

Dal rosso al violetto – il 13 è il nostro numero fortunato

Il 2012 è stato l’anno in cui le pagine del CATÁLOGO PREMIUM DE INTÉRPRETES sono entrate nel web.

L’idea centrale fu creare una sorta di elenco telefonico, dotato di filtri, che servisse ad avvicinare interpreti e clienti, tralasciando gli intermediari, e che costituisse una piattaforma in grado di offrire una soluzione completa ai clienti: interpreti di svariate lingue dislocati in diverse regioni del Brasile e del continente americano, traduttori giurati, imprese che si occupano del noleggio e allestimento di attrezzature tecniche per l’interpretazione, e servizi di ristorazione. Tutto ciò doveva essere semplice e a portata di mano. Il Catálogo ha quindi un testo agile che aiuta il cliente per mezzo di immagini a trovare esattamente ciò che gli occorre. Oltre a soddisfare i clienti offrendo loro un lavoro raffinato e di qualità anche il design è nuovo e contemporaneo, sfuggendo ai luoghi comuni che spesso accerchiano il lavoro d’interpretazione.

La prima pagina della storia del Catálogo Premium è stata scritta da 30 interpreti e traduttori brasiliani. Successivamente è arrivata l’Argentina e quindi il Venezuela, la Colombia e gli Stati Uniti. In seguito diversi interpreti e traduttori giurati di diverse lingue -alcune rare- si sono uniti a noi dando vita all’attuale rete. In Brasile siamo presenti in quattro regioni e contiamo su un’eccellente equipe internazionale composta da 77 interpreti esperti, come in un mosaico colorato e quadridimensionale. Le nostre competenze, le ore di lavoro già svolto dai singoli interpreti e le esperienze da essi vissute nello svolgimento dei loro compiti attestano la solidità del Catálogo che è quindi in grado di affrontare ogni campo del sapere – per non parlare degli innumerevoli aneddoti di cabina che potrebbero riempire le pagine di un libro…

images M

Abbiamo deciso in seguito di raccontare il nostro pensiero, uscendo dall’ambiente segreto in cui operiamo per far vedere chi siamo. A questo fine abbiamo creato questo blog, una linea diretta con l’ INTERPRETE, collegata all’intera comunità di interpreti e clienti non solo per lo scambio di idee ma anche per favorire discussioni sull’etica e sulle condotte più idonee. Il blog ha già ricevuto visite da tutto il mondo e presto sarà disponibile nelle lingue presenti nel sito: tedesco, spagnolo, francese, inglese, italiano, turco, arabo e svedese.

La rete di interpreti del Catálogo dispone già di un volantino promozionale che annuncia:

CATÁLOGO PREMIUM DE INTÉRPRETES:

UN SITO COMPLETO PER UM MONDO GLOBALE

Incarica un interprete capace e supera le frontiere!

 Inoltre, scostandoci un po’ dal mondo conosciuto delle parole, abbiamo voluto  far vedere per mezzo di immagini ciò che proviamo prima di ogni impegno professionale e il modo in cui ci prepariamo per affrontare il pubblico che ci ascolta: ne é derivato un video in tempo reale che dimostra che gli INTERPRETI SONO PONTI UMANI DOTATI DI NERVI  D’ACCIAIO.

Ogni giorno di più il Catálogo Premium si avvicina al suo traguardo innovatore, quello di essere nuovo e allo stesso tempo fattibile: “Il Catálogo è una piattaforma di interpreti professionisti capaci e intraprendenti in grado di affrontare le più svariate richieste del mercato”. L’aspirazione del Catálogo –che si basa sui concetti di Didier Marlier- è promuovere un’economia viva*, in cui tutti possano guadagnare, favorendo non solo il lavoro ma anche la fluidità di una  rete aperta in cui ogni interprete possa esprimere la passione per ciò che fa: agevolare il contatto tra interpreti e clienti.

Sarà questa composizione di colori, sfumature e tonalità, che si allarga sempre di più nel continente americano, a fare del 13 il suo numero fortunato!!

* L’ Economia Viva si base nei principi e valori che seguono:

1) Generosità: la cultura del codice aperto unita a quella del libero contenuto;

2) Responsabilità (e autodisciplina): più grande è la responsabilità tanto più grande la libertà e numerose le opportunità;

3) Abbondanza (principio della): tale principio è in grado di sostituire l’atteggiamento difensivo e competitivo;

4) Valore (autentico): il marchio registrato del “nuovo capitalismo”, spesso rappresentato dal sapere;

5) Interdipendenza: il mondo è sempre più collegato e globalizzato. Un esempio di ciò è il riscaldamento globale che dimostra che le decisioni locali producono effetti in tutto il mondo;

6) Fiducia: promossa sempre di più come la moneta per eccellenza del mondo collegato;

7) Autenticità: walk the talk (by Nigel Paine)

8) Atteggiamento di condivisione: è molto presente nelle reti sociali che “inventeranno nuovi modi di monetizzare i contenuti”.

 Sonia Padalino

Tradutora e Intérprete de italiano

+55-11-3825-8099/ +55-11-97365-7619

São Paulo – SP

sonia@interpretesdeconferencia.com.br

13 livros que todos os tradutores deveriam ler

13 LIVROS QUE TODOS OS TRADUTORES DEVERIAM LER

Por Antônio Martins em Carreira

 Durante este ano, temos publicado muitos artigos interessantes para todos os tradutores freelancers. Falamos sobre como iniciar a carreira de tradutor freelancercomo conseguir mais clientes ou quais as ferramentas de tradução necessárias. São artigos muito úteis para quem quiser iniciar a carreira de tradutor freela, quer você seja um iniciante ou uma pessoa que trabalha na área há muitos anos. Mas como adquirir novos conhecimentos nunca é demais, hoje vamos listar 12 livros que podem ser de grande ajuda instrutiva, técnica e metódica, para que o tradutor freelancer possa aprimorar-se como profissional e adquirir know-how para, desta forma, destacar-se no mercado. Alguns dos livros foram publicados há vários anos enquanto outros são um pouco mais recentes. Porém, se você gosta de livros e está tentando iniciar a carreira de freela, nada melhor do que conferir o nosso ebook Ser Freelancer, clicando neste link.

Mas agora chegou o momento de conferir a nossa lista de livros para tradução:

1. OFICINA DE TRADUÇÃO A TEORIA NA PRÁTICA

rosemary araujoAlguns leitores chegaram a catalogar este como “um livro atemporal”. No livro a autora analisa algumas traduções de poemas, destacando seus defeitos e qualidades. O livro não é tanto como um manual técnico sobre a tradução. Mas demonstra, uma e outra vez, que um bom tradutor deve ser um bom leitor, para poder entender o contexto dos seus textos e conseguir os melhores resultados nas suas traduções. A sua sinopse promete um ótimo guia para tradutores iniciantes, que os ajudará a compreender como funciona a tradução literária. É, também, uma boa ferramenta para o ensino da tradução.

Autor: Rosemary Arrojo

2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DA TRADUÇÃO: UMA NOVA PROPOSTA 

procedimentos de traduçãoEste livro ajuda a identificar e refletir sobre as diversas áreas da tradução. A obra compara alguns modelos descritos na literatura disponível, no intuito de reorganizar os procedimentos técnicos para traduzir. Foi editado em 1990 e conta com 120 páginas de uma curta leitura mas muito útil para todos os tradutores. A autora Heloísa Gonçalves Barbosa é uma reconhecida investigadora e uma especialista na área da tradução, tendo sido membro do conselho da Associação de Lingüística Aplicada do Brasil.

Autor: Heloísa Gonçalves Barbosa

3. CONVERSA COM TRADUTORES: BALANÇOS E PERSPECTIVAS DA TRADUÇÃO

conversar com tradutoresO livro é um apanhado de entrevistas realizadas com vários profissionais da área, entre eles: Regina Alfarano, João Azenha Jr, Heloísa Gonçalves Barbosa, Claudia Berliner, Erik Borten, Paulo Henriques Britto, Heloísa Martins Costa, Lúcia Helena França, Maria Stela Gonçalves, Mário Laranjeira. O objetivo central é traçar um panorama da tradução desde a perspectiva do autor. Leitura interessante, que vale a pena.

Autor: Ivone C. Benedetti e Adail Sobral

4. TRADUÇÃO – HISTÓRIA, TEORIAS E MÉTODOS

traduçãoEsta obra enfatiza a diversidade de línguas, fazendo com que a tradução seja cada vez mais necessária. O autor retoma o tema da Torre de Babel e o maior empreendimento de tradução na história humana: a tradução da Bíblia a mais de 2.400 línguas e dialetos. Alguns fatos históricos que influenciaram a tradução também são mencionados no livro, como o conceito de apropriação, surgido no Renascimento, por exemplo. O autor também apresenta os conceitos “pró-fonte”, que valoriza o texto original e o “pro-alvo”, que valoriza  o leitor do idioma destino. Também aborda os diversos tipos de textos, alguns já mencionados aqui no blog. Outros assuntos ligados à tradução como as interpretações e as traduções automáticas também são abordados. Em conclusão, a obra apresenta a história, as teorias e as operações linguísticas e literárias da tradução.

Autor: Michaël Oustinoff

Ebook - Ser Freelancer

5. FIDUS INTERPRES: A PRÁTICA DA TRADUÇÃO PROFISSIONAL

fidusEste livro foi produzido, originalmente, a partir de um blog, de onde também herdou o seu título. Indicadíssimo para tradutores em formação ou que estão em início de carreira. Mas é perfeitamente aplicável a todos os profissionais que trabalham na área, inclusive aos mais experientes.

Assim como de costume nos blogs, a linguagem utilizada no livro é direta e trata exclusivamente da tradução como principal atividade profissional. Ele termina sendo um manual prático, com informações e dicas sobre as especializações do tradutor, o princípio do tradutor nativo, o papel das associações profissionais, a tradução juramentada, a tradução literária, as técnicas de tradução, as ferramentas de tradução, a gestão de terminologia, o controle de qualidade, os requisitos jurídicos e fiscais da atividade, os métodos de cobrança, as estratégias de marketing, a ética no mercado de tradução entre outros temas também relevantes.

Autor: Fabio M. Said

6. TRADUÇÃO PARA DUBLAGEM

Tradução para DublagemDefinitivamente, nunca será a mesma coisa traduzir um texto literário que dublar um vídeo/áudio. “Tradução para Dublagem” tem a proposta de mostrar estas diferenças e nos dar o abc deste tipo de tradução. Ana afirma que este livro é, basicamente, uma transcrição completa dos seus cursos de dublagem. Não é um livro para alguém que espera um texto de cunho científico. Isto, faz dele um ótimo estímulo para quem deseja ter uma melhor noção do mercado de trabalho na área de tradução e dublagem.

Autor: Ana Carolina Konecsni

7. ESCOLA DE TRADUTORES

Escola de TradutoresO livro aborda as dificuldades e as armadilhas das traduções, os falsos cognatos, a tradução de poesia, as expressões idiomáticas e muitos outros assuntos para tradutores profissionais, estudantes ou simplesmente para amantes de uma tradução de qualidade.

Além de contar com ensinamentos valiosos e interessantíssimos, é uma obra bastante recomendada para estudiosos da área de tradução.

Autor: Paulo Rónai

8. A TRADUÇÃO VIVIDA

A Tradução vividaLivro que relata as experiências e conhecimentos de Paulo Rónai, que foram construídos ao longo de décadas de dedicação à tradução. Rónai, que traduziu mais de cem livros para o português, também possui publicações de sua própria autoria, entre eles, vários estudos linguísticos, sempre tendo a tradução como tema. “A tradução Vivida” é um livro indispensável a quantos se interessam pela tradução e pela comunicação. Não é apenas um texto ‘técnico’. É, também, a revelação das experiências concretas vividas no dia a dia de trabalho ininterrupto do tradutor.

Autor: Paulo Rónai

9. SUA MAJESTADE, O INTERPRETE – O FASCINANTE MUNDO DA TRADUÇÃO SIMULTÂNEA  

Sua majestade, o Interprete – O fascinante mundo da tradução simultâneaLivro aventureiro, no sentido em que descreve as emoções de um tradutor e intérprete diante dos seus desafios. Mas também mantém um excelente nível profissional, pois dá conselhos precisos aos novos intérpretes de como vencer tais desafios, entre eles o medo. As dicas que o livro oferece para que está entrando na profissão lhe dá uma linguagem técnica. O bom humor também está presente ao longo da leitura, com lembranças, contos ou metáforas divertidas.

O livro aborda fatos históricos como as traduções realizadas durante o julgamento dos nazistas em Nuremberg e destaca um lado filosófico, quando fala dos limites humanos e a impossibilidade do pleno entendimento entre dois idiomas.

A obra é muito útil para quem aspira a carreira de intérprete e, em geral, para quem atua na área da tradução. A sua leitura impressiona pela clareza, pela facilidade narrativa do autor.

Autor: Ewandro Magalhães Jr .

10. GUIA PRÁTICO DE TRADUÇÃO INGLESA 

Guia prático de Tradução InglesaEsta obra, de quase 900 páginas, trata dos vários desafios enfrentados pelos tradutores. Por exemplo: os falsos cognatos, expressões não classificáveis como falsos cognatos, phrasal verbs, etc. É manual de tradução que conta com capítulos e comentários dedicados a diversos aspectos gramaticais, abonação abundantes das melhores fontes, exemplificação de sintaxe e estilísticos típicos da língua inglesa, étimos e informações históricas consideradas pertinentes ao legado latino no idioma.

A nova edição, reúne um vocabulário com mais de 3.000 entradas e faz um exame profundo de mais de 1000 cognatos.

Originalmente lançada em 1981, a obra está com uma versão reformulada, com centenas de referências cruzadas, capítulos e comentários que, além de explicar a peculiaridade do dicionário, abordam dificuldades sintáticas e estilísticas relacionadas com os cognatos, além de apresentar cerca de 1500 entradas novas em relação à edição anterior.

Autor: Agenor Soares dos Santos

11. TRADUZIR COM AUTONOMIA – ESTRATÉGIAS PARA O TRADUTOR EM FORMAÇÃO 

Traduzir com Autonomia - Estratégias para o tradutor em formaçãoEste é um trabalho dirigido a tradutores, iniciantes ou experientes, em busca de aperfeiçoamento. A tradução não é vista como a mera transferência de palavras de uma língua para a outra. Por meios de alguns exemplos e exercícios a obra apresenta um perfeito equilíbrio entre teoria e prática. Desta maneira os autores deixam explícita sua convicção – o tradutor precisa de um grande conhecimento da teoria da tradução para desenvolver um bom trabalho.

O livro propõe várias estratégias ou ações de tradução, que conduzem à resolução, de forma eficiente, dos problemas tradutorios. A ideia original é levar o tradutor em formação a desenvolver estratégias para a consciência da complexidade do processo de tradução, da necessidade de monitorar suas ações e a necessidade de examinar com cuidado as decisões tomadas ao longo do exercício da sua função.

Autores: Adriana Pagano, Célia Magalhães, Fábio Alves

12. ALÉM DA REVISÃO – CRITÉRIOS PARA REVISÃO TEXTUAL 

Além da Revisão - Critérios para revisão textualO livro é dirigido aos profissionais de linguística textual, aos jornalistas e publicitários, aos estudantes de letras, aos revisores de textos, a leitores e amantes da língua portuguesa.

Nesta obra, o autor fala dos instrumentos que o revisor necessita para realizar o seu trabalho eficazmente. Entre os assuntos abordados estão: dicionários, elementos da norma culta, as regras que norteiam a revisão, etapas preliminares, recomendações úteis, contagem de caracteres, erros imperdoáveis, memórias de revisão, tabelas práticas e listagens úteis.

Autor: Aristides Coelho Neto

13. MACHADO DE ASSIS TRADUTOR 

Machado de Assis tradutor Em Machado de Assis tradutor, o pesquisador francês Jean-Michel Massa publica o resultado da sua pesquisa. Nela, identifica e analisa 46 traduções realizadas por Machado de Assis. Entre as traduções mais conhecidas estão o poema “O corvo”, de Edgar Allan Poe e o romance “Os trabalhadores do mar”, de Victor Hugo. Algumas das traduções feitas por Machado de Assis foram encomendadas, outras foram escolhidas pelo próprio tradutor. A maioria das traduções pertencem às peças teatrais e aos poemas de vários autores; os textos de origem francesa prevalecem.

No livro, o tradutor contemporâneo poderá acompanhar o lado “tradutor” de Machado de Assis, que traduziu com certa regularidade desde o início de sua carreira até a sua maturidade. Observar o percurso como tradutor deste mestre da literatura nos ajuda a compreender sua formação como poeta, contista, dramaturgo, romancista, crítico e cronista.

Talvez, um dos fatos mais marcantes na carreira de Machado de Assis, para um tradutor freelancer, é que o primeiro livro que publicou foi a tradução de “Queda que as mulheres têm para os tolos”. Com isto, concluímos mais este artigo que tem como objetivo agregar valor aos tradutores, principalmente aos freelancers, promovendo um ferramental técnico e conceitual para o perfeito desempenho da sua atividade, ou seja, a tradução.

Autor: Jean-Michel Massa

E você, já leu algum destes livros? Quais recomendaria?

Medical expressions: shortcomings and suitability

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-76382003000300002&script=sci_arttext

Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular

Print version ISSN 0102-7638

Rev Bras Cir Cardiovasc vol.18 no.3 São José do Rio Preto July/Sept. 2003

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-76382003000300002

Medical expressions: shortcomings and suitability

Expressões médicas: falhas e acertos

Simônides BacelarI; Carmem Cecília GalvãoII; Elaine AlvesIII; Paulo TubinoIV

UNB – Faculdade de Medicina – Hospital Universitário da Universidade de Brasília – Centro de Pediatria Cirúrgica. Brasília, DF
IMédico Assistente, Professor Voluntário, Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. E-mail: simonides@uol.com.br
IIBacharel em Língua Portuguesa e Mestranda em Lingüística pela Universidade de Brasília
IIIProfessora Adjunta de Cirurgia Pediátrica, Universidade de Brasília
IVProfessor Titular de Cirurgia Pediátrica, Universidade de Brasília

“Deve-se empregar as palavras na linguagem científica,
com o mesmo rigor com que se empregam os símbolos em matemática”
(Plácido Barbosa, Dicionário de Terminologia Médica Portuguesa, 1917).

Continuing with a series of articles related to scientific research and the writing of scientific articles, this issue presents an excellent work entitled Medical Expressions: Shortcomings and suitability. It discusses the fact that, although medical doctors have an excellent general culture, there are frequently imperfections in respect to the language they use in scientific papers. Often obscure and ambiguous statements and other linguistic problems impair the comprehension of these reports.

Considerations about the cases presented in this report are supported by what is recommended by the majority of experts in the Portuguese language and in medical terminology. According to these scholars the following principles, among others, are recommended:

(1) In language there is not right and wrong as there are distinct levels of language. There is adequacy and inadequacy for each of these levels.

(2) In language, it makes good sense to adopt flexibility.

(3) The scientific language should be exact, so as not to have misunderstandings; simple, to be well comprehended and concise, to save the time of the reader and space in publications.

(4) The normative grammar, owing to its formation based on the standard culture of the language, is adapted to the formal scientific language.

(5) It is recommended to avoid terms criticized by good linguists and to use non-condemned synonyms.

(6) In science, it is convenient to have only one name per item.

(7) In general, follow rules, that is, proceed according to the majority of cases is preferable to the exceptions.

(8) Medical slang should be avoided in formal reports.

(9) Foreign words are welcome when there is a need and if there is no equivalent in Portuguese.

(10) Very laconic or synthetic expressions, in which several terms are taken for granted, are often antiscientific and create misunderstandings.

(11) Unnecessarily invented words (neologisms) that do not appear in dictionaries should be avoided.

Although many of the principles mentioned above are pertinent to scientific reports written in English, the majority of the terms discussed in this article are specific to the Portuguese language. Many shortcomings have reference to grammatical structures, phrases or words which have been incorrectly translated into Portuguese or even to English words that have a Portuguese equivalence.

Thus translation of this article to the English language seems unnecessary and will serve no purpose.

Os médicos dispõem de excelente cultura geral, adquirida desde os cursos escolares e universitários. Apesar disso, a linguagem médica apresenta muitas imperfeições, que requerem especial esforço para reconhecer e corrigir.

Nas apresentações de artigos médicos feitas por acadêmicos de Medicina no Centro de Pediatria Cirúrgica do Hospital Universitário, Universidade de Brasília, os comentários dos membros docentes de Cirurgia Pediátrica sobre os temas relatados também abrangem atitudes inadequadas na apresentação e defeitos de linguagem médica. Como forma de apoio, foram elaboradas apostilas sobre esses itens. Uma pequena lista de expressões médicas errôneas foi organizada inicialmente. Anotações subseqüentes demonstraram que expressões errôneas, na linguagem médica, constituem vastíssimo capítulo da Medicina, embora pobremente conhecido e divulgado. Por serem motivos de obscuridades, ambigüidades e de outros problemas de linguagem que dificultam a compreensão dos relatos, é recomendável conhecer e corrigir esses desalinhos.

As considerações sobre os casos apresentados neste relato apóiam-se no que recomenda a maioria dos conhecedores da língua portuguesa e da terminologia médica. De acordo com esses estudiosos, são aconselháveis, dentre outros, os seguintes princípios:

(1) em linguagem, não há o certo nem o errado, visto que existem distintos níveis de linguagem. Há o adequado e o inadequado para cada um desses níveis;

(2) em linguagem, é de bom senso adotar a flexibilidade;

(3) a linguagem científica deve ser: exata, para não propiciar equívocos; simples, para que seja bem compreendida; concisa, para economizar tempo de leitura e espaço nas publicações;

(4) a gramática normativa, por sua formação baseada no padrão culto da língua, é a adequada à linguagem científica formal;

(5) é recomendável evitar termos criticados por bons lingüistas e usar equivalentes não condenados;

(6) em ciência, é conveniente que haja um só nome para cada coisa;

(7) em geral, seguir regras, isto é, proceder de acordo com a maioria dos usos é preferível às exceções;

(8) gírias médicas devem ser evitadas em relatos formais;

(9) estrangeirismos são bem-vindos quando necessários e se não houver termos equivalentes em português;

(10) expressões telegráficas ou sintéticas, em que vários termos ficam subentendidos, são freqüentemente anticientíficas por possibilitarem equívocos;

(11) palavras inventadas (neologismos) desnecessariamente e inexistentes nos dicionários devem ser desconsideradas.

Além de consultar o Aurélio [1], o Houaiss [2], o Michaelis [3] e outros dicionários, em caso de dúvidas, é indispensável que o relator de trabalhos científicos também consulte:

(1) o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) [4], em que se registra a ortografia oficial do Brasil, elaborado pela Academia Brasileira de Letras, disponível no endereço eletrônico http://www.academia.org.br/ortogra.htm;

(2) a Terminologia Anatômica [5], elaborada pela Sociedade Brasileira de Anatomia com base na Nomina Anatômica, publicação internacional editada em latim, em que se registram nomes das estruturas anatômicas humanas;

(3) os cadernos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) – entidades oficiais, isto é, amparadas por lei – para aferição de medidas, símbolos, abreviações, bibliografias, normatização de publicações; e

(4), sobretudo, revisores de redação, profissionais da área de letras, antes de divulgar publicações médicas ou de fazer apresentações nos encontros científicos.

O Departamento de Lingüística da Universidade de Brasília (UnB) mantém o Serviço de Atendimento ao Leitor (SAL) para desfazer dúvidas de linguagem. Atende pelos telefones (061) 340 6162 e (061) 307 2741.

É necessário treino e dedicação para aprender a expressar-se em linguagem-padrão. Configura-se como assimilar outra língua, mas adquirida essa habilidade, tal linguagem torna-se mais acessível e prática. Há vantagens compensadoras. Como veículo de expressão científica, o padrão culto permite:

(1) enunciados claros, sem ambigüidades, obscuridades, equívocos;

(2) concisão ao texto, enuncia-se mais com menos palavras e em menos espaço de publicação, porquanto não há prolixidades, ou seja, divagações, muitas palavras longas, termos dispensáveis;

(3) entendimento fácil de um relato entre lusófonos de todo canto, porque habitualmente não traz gírias, regionalismos, modismos, estrangeirismos supérfluos, termos rebuscados, desordens sintáticas, palavras inventadas e neologismos desnecessários;

(4) fácil tradução para outras línguas, visto que seus termos estão registrados em dicionários e gramáticas de uso corriqueiro;

(5) aprendizado metódico, uma vez que é linguagem formada dentro de preceitos organizados por profissionais e estudiosos de valor.

Em seqüência, alguns casos de defeitos habituais de linguagem médica e sugestões de correção.

* * *

Alternativas. Significa opção entre duas coisas apenas. Embora aceitas por bons lingüistas, autores de nota criticam expressões do tipo: “Há várias alternativas.”. “Procurar outras alternativas.”. “Testes de cinco alternativas.”. Só há uma alternativa. Alternar significa mudar entre duas opções. Em latim, alter significa o outro, como em alter ego (o outro eu), por exemplo. Em razão da imperiosa Lei do Uso, o termo alternativas tem sido usado como sinônimo de opções e assim está registrado na última edição do Aurélio [1]. Mas tal desvio semântico, originário do desconhecimento do significado próprio da palavra, não pode pertencer à linguagem de primeira linha apesar de não ser erro.

A nível de. É das expressões mais condenadas por muitos estudiosos da língua portuguesa, designada como espanholismo, francesismo, modismo, cacoete, tragédia lingüística e outras más qualificações. É recomendável não usá-la. Amiúde, é termo inútil. Por exemplo, em lugar de “dor a nível de hipocôndrio direito”, pode-se dizer: dor no hipocôndrio direito.

Anátomo-patológico. Escreve-se anatomopatológico, sem hífen, de acordo com a ortografia oficial, publicada no VOLP [4], que tem força de lei.

Antibiótico. Nome criticável. Do grego anti, contra, e biotos, meios de vida [6], literalmente significa “contra a vida” e nada indica acerca da especificidade de seu uso, ao contrário de antimicrobiano, antibacteriano, antiviral, antifúngico, anti-helmíntico, antiparasitário, microbicida entre outros termos mais ajustados. Assim, sempre que possível, é recomendável usar antimicrobiano ou agente antimicrobiano, por serem nominações mais precisas.

Aspecto anatômico. Expressões encontradas nos laudos médicos, como “hilo pulmonar de aspecto anatômico”, “hilo com dimensões anatômicas”, “antro gástrico de configuração anatômica”, não estão exatas: precisam ser complementadas. O aspecto anatômico pode ser normal ou anormal, este estudado como anatomia patológica. Será cientificamente mais adequado dizer, por exemplo, aspecto anatômico normal ou dimensões anatômicas normais (ou anormais).

Através. Conceituados lingüistas repelem o uso de através como está nas seguintes frases: “Conheci-o através de um amigo.”. “Fiz o diagnóstico através da radiografia.”. “O doente foi curado através de quimioterapia.”. “Fui nomeado através de concurso.”. “Soube através de um artigo”. Através tem sentido de atravessar algo no espaço ou no tempo. Não atravessamos uma radiografia para chegar a um diagnóstico, nem sabemos de algo atravessando um artigo publicado. Podemos, com acerto, usar por intermédio de, por meio de, por, com. Ex.: Foi curado por (ou com) quimioterapia. Diagnosticar por meio de radiografias. Nomeado por meio de concurso. Operado pela técnica de Thal.

Bala de oxigênio. Gíria médica. Termo técnico: cilindro de oxigênio, de uso recomendável nos relatos científicos formais. Pela mesma razão, é impróprio dizer “torpedo” ou “balão” de oxigênio. O tamanho é expresso pela capacidade em metros cúbicos e varia entre fabricantes e distribuidores.

Bastante grave. É recomendável dizer que o paciente se apresenta em estado muito grave, visto que não se adoece até bastar.

Bexigoma. Gíria médica para indicar repleção ou distensão vesical. Inexiste nos dicionários. Adequadamente, pode-se dizer distensão, globo ou repleção vesical.

Boca da colostomia – boca distal ou proximal da colostomia. Pleonasmos. Do grego stôma, boca, colostomia significa boca ou estoma do colo. Entretanto, colostomia distal e colostomia proximal são termos aceitos por se referirem a uma parte específica da abertura. Termos técnicos: estoma distal, estoma proximal, duplo estoma ou dupla estomia.

Bolsa escrotal. Redundância. Escroto é o mesmo que bolsa. É como disséssemos “bolsa bolsal”. Do latim scrotum, bolsa. Termos adequados: escroto, bolsa, bolsa dos testículos, bolsa testicular. Cabe acrescentar que bons anatomistas denominam bolsa testicular cada uma das duas divisões do escroto: bolsas testiculares, direita e esquerda; cada testículo abriga-se em uma delas [7]. Escroto é o nome recomendável por ser o que consta na Terminologia Anatômica [5].

Brônquio fonte. Recomendável: brônquio primário ou principal, como está registrado na Terminologia Anatômica [5] e nos compêndios de anatomia.

Cirurgia. Em linguagem culta, refere-se à disciplina que trata das intervenções cirúrgicas ou operações. É recomendável dizer, por exemplo: operação de Duhamel, operação de Peña, operação de Thal.

CID. É incorreto dizer “o CID da doença”, “o número do CID”. A sigla significa Classificação Internacional de Doenças, não Código Internacional de Doenças. Se classificação é do gênero feminino, diz-se, então, a CID. Além disso, atualmente a Classificação é expressa em sistema que inclui letras e números, o que caracteriza código, não número. Desse modo, é mais adequado referir-se ao código da CID, não ao número da CID.

CT de crânio. Em português, diz-se tomografia computadorizada; logo, a sigla adequada é TC, não CT, sigla anglo-americana.

Colher gasometria. Expressão coloquial sintética, inadequada para relatos científicos formais. Não é possível, evidentemente, colher gasometria, hemograma, leucograma. Colhe-se material para realização dos exames.

Colostograma. Inexiste nos dicionários. Termo impróprio, já que não se faz exame radiográfico contrastado de colostomia, porquanto esta é apenas a porção externada do colo. Recomendável: colografia distal ou proximal (à colostomia).

Corrigir a gasometria. É mais adequado dizer: corrigir os distúrbios gasosos. Gasometria é a aferição química da quantidade de gases existentes em uma mistura, não um distúrbio. Hemogasometria é termo mais exato para indicar aferição de gases sangüíneos.

Diagnóstico à esclarecer. Corretamente: diagnóstico a esclarecer. Nesse caso, o a não é craseado, porquanto antes de verbo não há crase, visto que, aí, não há artigo, mas só a preposição a. Cabe ressaltar que bons lingüistas condenam essa construção por ser francesismo. Preferem dizer, por exemplo – diagnóstico para esclarecer, e outras formas.

Devido a. Expressão excessivamente usada nos relatos médicos. Pode denotar pobreza de vocabulário. Há muitos termos equivalentes: pelo, pela, graças a, por causa de, em virtude de, mercê de, em razão de, em resultado de, em decorrência de, em vista de, graças a, causado por, em conseqüência de, secundário a, ocasionado por e outros.

Diurese. É impróprio usar esse termo na acepção de urina, micção, freqüência miccional ou volume urinário. Diurese é excreção de urina [8], fenômeno que se dá nos rins. Um paciente com retenção urinária aguda pode, inicialmente, ter diurese normal. É errôneo citar diurese em lugar de urina, como nas construções: “diurese com densidade de 1.006”, “diurese clara”, “Paciente com diurese clara”, “Diurese apresenta aspecto normal”; em lugar de micção; “Paciente apresentou diurese à tarde”, “Paciente apresenta balonamento do prepúcio à diurese”; ou em lugar de volume urinário: “Anotar diurese”. É aconselhável deixar de parte as expressões “diurese abundante” ou “micção abundante” pelo seu sentido jocoso. Podemos dizer urina abundante ou volume urinário abundante ou aumentado.

Dreno de penrose – dreno de Pen Rose. Correto: dreno de Penrose. De Charles Penrose (1862-1925), ginecologista norte-americano.

Duhamel – operação de Duhamel. Epônimo em honra de Bernard Duhamel, cirurgião-pediatra francês. Pronuncia-se diamél, não durramél.

Em. São criticáveis expressões do tipo: “dor em joelho direito”, “dor em fossa ilíaca direita”, “edema em membros inferiores”, “abscesso em região deltóide”, “amputação em perna esquerda”. A tendência normal do português é usar artigo antes de substantivos especificados e omiti-los antes dos que têm sentido generalizado. Assim: dor em joelhos e dor no joelho esquerdo; edema em membros e edema nos membros inferiores. O hábito de alguns em omitir os artigos que especificam nomes contribui para a desorganização da nossa língua.

Endovenoso. Termo defeituoso por ser híbrido, isto é, formado com elementos de línguas diferentes (do grego, endo, e do latim, vena e -oso). O hibridismo é criticado por bons gramáticos, especialmente quando existem outros termos bem formados que podem ser acolhidos. Nesse caso, intravenoso é o termo adequado, já que todos os seus elementos são latinos. Assim, é preferível a abreviação IV (intravenoso) a EV (endovenoso).

Envolver. São criticáveis frases do tipo: “A lesão envolve o pâncreas e o duodeno.”. “Metástase envolvendo ossos.”. “O seqüestro envolveu a cabeça do fêmur”. Em rigor, envolver significa rodear, cercar, abranger em volta. É freqüente a expressão “metástase envolvendo fígado”. Mas uma metástase não envolve um fígado. Na verdade, dá-se o contrário. Podemos dizer com exatidão: a metástase invadiu (ou comprometeu) o fígado. Outros exemplos: A lesão atingiu pâncreas e o duodeno. O seqüestro acomete a cabeça do fêmur. O tumor afetou o rim direito. // Outrossim, podemos dizer acertadamente: O abscesso envolve o apêndice. O tumor envolvia a artéria renal. A meninge envolve o cérebro. O periósteo envolve o osso.

Evidenciar. Verbo desgastado pelo excesso de uso em medicina. Em lugar de evidenciar, pode-se usar outros verbos: mostrar, identificar, patentear, demonstrar, revelar, indicar, expor, comprovar, confirmar, constatar, verificar-se, descobrir, certificar. Ex.: “O exame evidenciou (comprovou) anemia.”. “Evidenciada (constatada) peritonite à laparotomia.”. “À tomografia, evidenciou-se (verificou-se) aumento de partes moles.”.

Evoluir o paciente. São discutíveis expressões como: “O paciente foi evoluído.”. “Vou evoluir o paciente.”. “Evoluir a dieta.”. Evoluir significa transformar-se, progredir. Até o presente, não há, nos dicionários, evoluir com o sentido de fazer descrição ou anotações no prontuário sobre o estado de saúde do paciente, como ocorre no jargão médico. Há também “fazer a evolução” do doente com a mesma acepção. No sentido fazer descrição, não se diz “evoluir uma paisagem”, “evoluir uma personagem”, “evoluir uma pintura”, “fazer a evolução de uma viagem”. Parece desvio semântico de uso impróprio e exclusivamente notado no jargão médico. Pode-se usar fazer a descrição, fazer as anotações, anotar a evolução (da doença), todas no sentido de descrever o curso da doença no paciente ou dos procedimentos médicos realizados.

Esterelizar. Correto: esterilizar. Provém de estéril, não de estérel, que não existe no léxico.

Exame normal. Em rigor, exame normal é o que se faz cumprindo-se as boas normas técnicas de um exame, seja clínico, radiológico, laboratorial, anatomopatológico, seja de outra natureza. Em lugar de “paciente com exame clínico normal”, “exame radiográfico normal” ou “exame de urina normal”, “ausculta normal”, podemos, acertadamente, dizer: paciente normal ou sem anormalidades ao exame clínico, sem anormalidades ao exame radiológico (ou com raios X), urina normal ao exame de laboratório, paciente normal à ausculta.

Expressões desgastadas. Bons gramáticos e cultores do bom estilo de linguagem reprimem expressões surradas por denotarem pobreza vocabular. Costumam chamar tais expressões de lugar-comum, péssimo recurso, mau-gosto. São exemplos a serem evitados: arsenal terapêutico, ventilar o assunto, leque de opções, devido a, monstro sagrado, no que tange a, suma importância, em termos de, dar nome aos bois, fugir à regra, sem sombra de dúvidas e semelhantes. A expressão “via crucis”, por exemplo, pelo próprio nome, vê-se que já foi muito usada.

Faixa etária. Expressão demasiadamente utilizada. Em vez de faixa, podemos dizer: categoria, classe, condição, escalão, fase, grau, grupo, nível, período, situação. Grupo parece termo mais condizente com determinada quantidade de indivíduos. Etária pode ser também adequadamente substituída por etática, forma consoante ao étimo latino ætate, idade, ou pela expressão de idade.

Feito radiografia. Solecismo. São errôneas expressões ou frases como: “Em um caso foi feito fluoroscopia”. “Feito radiografia”, “Foi feito duas nefrectomias”, “Colhido amostras”, “Solicitado radiografias”, “Mantido observação”, “Feito laparotomia”, “Realizado ecografia”, “Foi visto uma lesão”, “Foi diagnosticado uma hipospádia”, “Foi tentado punção venosa”, “Foi evidenciado uma estenose”, “Foi incluído 38 crianças no trabalho”, “Retirado os cálculos renais”, “Feito ressecção cirúrgica, seguido de radioterapia”, “No exame, foi observado pressão arterial alta, sopro em carótidas, pulsos radiais diminuídos”, “Orientado a mãe a trazer a criança”, “Instituído terapia”. São erros de concordância verbal sobremaneira comuns na linguagem médica. O verbo deve concordar com o sujeito. Na frase “Foi feita radiografia”, o sujeito é radiografia, que é paciente do verbo fazer (na voz passiva). Na ordem normal, o verbo está depois do sujeito. Nessas frases, ocorre inversão da ordem (verbo antes do sujeito). Pelo exposto, expressam-se corretamente: Foi feita fluoroscopia. Foi feita radiografia. Foram feitas duas nefrectomias. (Foi) prescrita medicação. (Foi) prescrita eritromicina. (Foram) dados pontos. Foram observados pressão sangüínea elevada, sopro nas carótidas, pulsos radiais fracos. // Entretanto, nos tempos compostos com verbo auxiliar (ter e haver) mais particípio, só o auxiliar varia: Temos preparado as mamadeiras. Havíamos feito radiografias.

Foi de – Fui de. Formam cacófatos obscenos. Evitar ditos do tipo: “Pela taxa encontrada, que foi de 10% dos pacientes.”. “No curso, fui de estagiário.” . “O primeiro caso foi de uma paciente de 15 anos”. Pode-se dizer: Encontrada a taxa de 10% dos pacientes. Ou: Entre os pacientes, a taxa foi 10%. Também: …a taxa foi a de 10%. Ou: o valor porcentual foi 10%. No curso, fui estagiário (em “como estagiário” também cabe duplo sentido).

Frente a – Foi mudado o tratamento frente ao novo diagnóstico. “Frente a” inexiste no português culto [9-11]. Existem “à frente de”, “em frente a” ou “em frente de”. Não há frente a como locução prepositiva, senão como construção castelhana [9]. Preferir outros termos: Foi mudado o tratamento em face do (ou: em virtude do) novo diagnóstico; qualquer mecanismo biológico utilizado para multiplicação gênica é ineficiente tendo em vista os mecanismos de amplificação gênica; devemos fazer estratégias diante das dificuldades. Pode-se dizer “fazer frente às dificuldades”, “estar em frente de um problema”, “apresentar-se à frente do grupo”, em que frente tem função de substantivo [9]. Pode-se também usar: ante, diante, perante.

Grama – gramo. É errôneo dizer “recém-nascido de mil e quinhentas gramas”, “tumor com duzentas gramas”. Ou: “Foram dadas trezentas miligramas de 6/6 horas.”. “Utilizamos dois miligramos de soluto.”. “Prescritos 1,5 gramos de antibiótico ao dia”. Grama é do gênero masculino, assim como suas divisões. Exs.: duzentos gramas, dois miligramas, quinhentos decigramas, prescrito 1,5 grama. Na linguagem culta, gramo não existe como sinônimo de grama, unidade de peso.

H mudo. Conforme as instruções 11, 12 e 42 do VOLP [4], não há h mudo no meio das palavras, exceto nos aportuguesamentos de nomes estrangeiros, no topônimo Bahia e nos compostos com hífen, cujo segundo termo inicia-se com h (intra-hepático, neuro-hipófise). São, por isso, discutíveis termos como oncohematologia, panhipopituitarismo, rehidratação, imunohistoquímico, polihidrâmnio, pseudohermafroditismo. Com acerto, usa-se hífen ou, na maioria dos casos, suprime-se o h: onco-hematologia, imuno-histoquímica ou imunoistoquímica, pan-hipopituitarismo, reidratação, poliidrâmnio ou polidrâmnio, pseudo-hermafroditismo. O uso irregular do h mudo mediano, na palavra, tem influência de línguas estrangeiras, mormente a inglesa.

Há anos atrás. Redundância. O verbo já indica o passado. É suficiente dizer: Eu o vi há anos. Eu me formei há dez anos. Paciente refere que, há dois anos, teve icterícia. // Diz-se também: Eu o examinei dias atrás. Ele me consultou tempos atrás.

Haviam pacientes. No sentido de existir, haver é impessoal: não é usado no plural. Diz-se gramaticalmente: Havia vários pacientes. Se houvesse muitas dúvidas. Sabemos que haveria grandes contradições. três pacientes para operar.

Herniorrafia. Significa sutura de hérnia. Hérnia é a protrusão de elementos de uma cavidade através de um orifício. Assim, não suturamos hérnias, mas o orifício que as forma. Melhor: correção cirúrgica ou reparo de hérnia.

Hidropsia – hidrópsia. Recomendável: hidropisia (pronuncia-se hidropizía), conforme consta nos dicionários de português. Hidropsia e hidrópsia, apesar de errôneos, são termos amplamente usados no meio médico e poderão vir a ser registrados em algum dicionário futuramente, o que será lamentável. Hidropsia (ou hidrópsia) indica visão da água (do grego hýdor, água, e ópsis, vista), mas a julgar pelo sentido de necropsia e biopsia, dá a entender exame da água, não acúmulo de líquido, que é sua acepção médica.

Hifenizações impróprias. O VOLP [4] é a expressão da ortografia oficial brasileira. Sua elaboração foi autorizada por lei federal e, por respeito aos notórios filólogos que o elaboraram e pela necessidade de haver um padrão ortográfico de valor em nossa língua, é de bom juízo adotá-lo. Suas normas são seguidas nos dicionários Aurélio [1], Houaiss [2], Larousse [12], Michaelis [3] e outros em suas edições mais atualizadas. Desse modo, numerosos nomes encontrados com hífen na literatura médica, na verdade, constam sem este sinal nesse Vocabulário. Exemplos:

ácido-básico………………acidobásico

anátomo-patológico…….anatomopatológico

ano-retal………………….. anorretal

ântero-posterior………….anteroposterior

anti-inflamatório…………antiinflamatório

crânio-encefálico………..cranioencefálico

sócio-econômico………..socioeconômico

sub-agudo…………………subagudo

trans-operatório………….transoperatório

tráqueo-brônquico………traqueobrônquico

vésico-retal………. ………vesicorretal

Hood – Recém-nascido no hood com FiO2 a 100%. Anglicismo inecessário. Recomendáveis: capacete, capuz, oxitenda, tenda de oxigênio. Não se deve dizer “capacete de Hood”. Em inglês, hood significa qualquer coisa que cobre, sobretudo a cabeça.

Horas. A maneira regular de escrever as horas, preconizada pelos mais autorizados lingüistas, é, por exemplo, – 8h20, 6h45, 12h, 15h30. Esse é o modelo adotado na linguagem culta, na escrita-padrão, conforme consta nos melhores jornais e revistas nacionais. O símbolo de minutos (min.) pode ser omitido. Não dizemos: São 8 e 30 horas. Mas: São oito horas e trinta minutos. Na forma indevida 8:30h, o que precisamente se lê é 8 dividido por 30 horas (dois pontos é sinal matemático de divisão). É, portanto, cientificamente irregular escrever 8:30, 10:40, 00:20. São também errôneas formas como hs e hrs. O símbolo de hora(s) é só h.

Hormonioterapia. Recomendável: hormonoterapia, como é registrado nos dicionários [4,8]. A forma regular dos prefixos é, usualmente, forma reduzida do substantivo ou adjetivo correspondentes. Assim, escrevem-se: oxigenoterapia, exsangüinotransfusão. Daí, hormono ser forma prefixal regular: hormonogênese, hormonologia, hormonossexual, hormonoterápico.

Iatrogenia. Iatropatogenia é expressão mais adequada. A primeira, literalmente, significa apenas produção de médico, a segunda, produção de doença pelo médico. Do grego iatrós, médico, pathós, sofrimento, e géneia, de génos, do radical da verbo grego gignesthai, nascer [1].

Iniciais maiúsculas inadequadas. Nas redações médicas, é comum encontrar-se “paciente com Insuficiência Renal Aguda”, “O Hipotiroidismo Congênito é endocrinopatia comum”, “Houve benefícios com o uso de Metronidazol”, “Apresentou fratura da Apófise Espinhal” e semelhantes. Em alguns casos é nítida a influência das siglas, como este exemplo copiado de um periódico: “Os teste utilizados foram os seguintes: Tempo de Coagulação (TC), Tempo de Sangramento (TS), Retração de Coágulo (RC), Prova de Laço (PL) e Contagem de Plaqueta (CP)”; mas, no decorrer do texto, o autor não mais citou as siglas substitutivas. Bons gramáticos contestam o uso de inicial maiúscula apenas como forma de destacar palavras. Essa forma não consta das normas contidas na instrução 49 do Formulário Ortográfico [4]. São recursos adequados para destaque: letras itálicas, negrito, versaletes (tudo em letra maiúscula), espaçamento maior entre as letras, uso de letras com outra cor, traço subscrito. O uso de iniciais maiúsculas é regido por normas oficiais [4], em que não consta a utilização supracitada.

Inúmeros. Termo usado como reforço de expressão, mas é cientificamente errôneo. Amiúde, “inúmeros” tem sido usado em referência a elementos contáveis. Os números são infinitos. Logo, qualquer quantidade é numerável. É contestável citar, portanto, num relato formal, que “o paciente sofreu inúmeras operações” ou que “podem ocorrer inúmeras complicações” e ditos semelhantes. Podemos substituir termos como inúmeros, um sem-número e inumeráveis por numerosos, copiosos, muitos, vários, grande número, elevado ou alto número de. Há elementos incontáveis (não, inumeráveis), como estrelas, grãos de areia no mar, folhas nas florestas.

Lavagem exaustiva. Expressão inexata e anticientífica, já que o cirurgião não fica exausto após lavagem de feridas contaminadas ou da cavidade peritoneal nas peritonites purulentas, por exemplo. Afinal, ele precisará de energia para terminar a operação. Pode-se dizer lavagem rigorosa ou completa.

Manter a mesma conduta. Redundância (manter a mesma). Diz-se adequadamente: Manter a conduta.

mls. Não é adequado dizer ou escrever “dez mls de soro”, “400 mls de sangue”. De regra, os símbolos científicos não têm flexão de número (plural). Além disso, de acordo com os preceitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), nos impressos, devemos escrever L (litro) e mL (mililitro) para não ocorrer confusão entre a letra ele (l) e o número um(1). Exs: 2l > 2L, 10 ml > 10 mL. Por serem elementos diferentes, aconselha-se a deixar espaço entre o número e o símbolo.

Necrotizante. Neologismo desnecessário, ainda que existente no VOLP [4] e no Houaiss [2], procedente de necrotizar, mas freqüentemente é usado como tradução do termo inglês necrotizing. Podemos dizer: enterite necrosante, fascite necrosante, vasculite necrosante e similares. Outrossim, necrosante é termo mais curto e registrado em maior número de dicionários que necrotizante.

Neonato. Palavra mal formada por ser hibridismo, isto é, composta de um termo de origem grega (neo) e outro originário do latim (nato). Os hibridismos são reprimidos por bons gramáticos, conquanto muitos estejam consagrados em nossa língua e não há como extingui-los. Mas, por iniciativa própria, podemos substituí-los por palavras mais bem formadas. Nesse caso, recém-nascido, formado de elementos latinos, é melhor termo que neonato.

Orquidopexia. Recomendável orquiopexia. Orqui – orquio – orquid – orquido são prefixos provenientes do grego orkis, orkiós, gônada masculina. Apesar de orqui ser prefixo existente em diversos vocábulos (orquicoréa, orquineuralgia, orquipausa), nos dicionários, não há orquipexia. Há orquiopexia e orquidopexia. Não obstante, o segundo termo é irregular, porquanto órkidos é forma errônea de genitivo grego [13]. Da raiz ork, forma-se o tema orki, prefixo de vários termos médicos em diversas línguas, introduzidos na linguagem científica a partir do século XIX. Em português: orqui. Orquio é o tema grego orki acrescido da vogal de ligação o. Pela praxe, as palavras de sentido restritivo procedentes do grego originam-se do genitivo dessa língua. Daí, orquiopexia é o vocábulo regular, pois tem o elemento orquio procedente do genitivo grego orkeos ou orkios (e não, orkidos), com valor restritivo. GALVÃO [14] pondera que “o Dict. de Littré e outros trazem – orchidopexie – donde pareceria justificar-se a forma orchidopexia; mas, de facto, não existindo o ä (delta) no radical üñ÷éò (órkhis), e formando-se os mais derivados congeneres com a flexão orkhio, claro é que em portuguez o vcb. correcto e acceitavel é – orchiopexia-“.

Ostomia – ostomisado – osteoma. Ostomisado é forma incorreta de “ostomizado”, neologismo mal formado e, assim como ostomia, é inexistente nos dicionários. Correto seria estomizado, do grego stóma, boca, e -izado. Em português, as formas derivadas de stoma fazem-se com e, não o, quando inicia palavra: estoma, estomatite, estomódio [4]. Não há “ostoma”, nem “ostomia”. Estoma é nome regular, autônomo e existente no léxico [4]. Ex.: estoma distal (ou proximal) da colostomia. Geralmente é usado para compor vocábulos: estomalgia, estomatomicose. O termo colostomia, por exemplo, é composto de três elementos: colo+estoma+ia ou colo+stoma+ia. Do mesmo modo, podem ser também decompostos os vocábulos vesicostomia, ileostomia, nefrostomia e semelhantes. Outrossim, não há estomia nos dicionários como palavra independente. Entretanto, é nome encontrável na literatura médica: “O atrativo da técnica é a presença de única estomia” e “Verificou-se a ocorrência de dermatite periestomia”, “efluente líquido das estomias”; “Estomias e drenos veiculam secreções digestivas e secreções purulentas” [15]. VOLP [4] registra estômia. Ostomia é erro gráfico indiscutível. Osteoma, em lugar de estomia, é erro grosseiro. Tem sido adotado, em medicina o termo estomoterapeuta, neologismo útil e bem formado. No VOLP [4], há estomocefalia, estomocéfalo, estomogástrico, estomografia entre outros. Na formação de palavras procedentes do grego ou latim, usa-se o e prostético (não “o”) antes de termos iniciados por s, seguido de outra consoante. Exemplos: species> espécie, stilus> estilo, spatium>espaço, stómachós>estômago, strategía>estratégia, stoma>estoma. Note-se que não se diz “fazer uma oscopia” mas, escopia, tendo em vista os termos histeroscopia, gastroscopia, duodenoscopia, rinoscopia, otoscopia, colonoscopia.

Paciente com suspeita de apendicite. Construção dúbia. Não é o paciente que está com suspeita, mas o médico assistente é que tem a suspeita. É mais adequado dizer que o paciente está com manifestações ou quadro de apendicite. Dubiedade é vício de linguagem assaz criticado pelos cultores do bom estilo de linguagem.

Paciente evoluindo estável. Expressão incorreta. Mais adequado: Paciente em condições estáveis. Ou: paciente sem alterações do quadro mórbido. Não é o paciente, mas a doença é que evolui e transforma o paciente com sua evolução. Se está evoluindo, não é estável.

Paciente evoluiu com. Expressão extremamente desgastada. Além disso, em rigor, é a doença (não o paciente) que evolui, isto é, se transforma, apresenta complicações, diversas manifestações, desaparece ou leva o paciente ao óbito. Paciente e doença são entidades diferentes. O enfermo sofre a doença e toma providências contra a evolução dela. Pode-se usar outros verbos ou mudar a construção da frase. Ex.: Paciente evoluiu com (apresentou) dor e febre. A criança evoluiu com (teve) melhora do quadro. O doente evoluiu bem no pós-operatório (O pós-operatório transcorreu bem).

Paciente iniciou com dor. Frase defeituosa. Falta-lhe o complemento do verbo iniciar. Quem inicia, inicia algo. Digamos mais adequadamente: Paciente apresenta (queixa-se de, tem, refere) dor. Ou: O quadro se iniciou com dor. O paciente é quem sofre as doenças. Os agentes causadores é que, de ordinário, as iniciam, não o doente. Em geral, as manifestações são iniciadas pelas lesões, não pelo doente, embora, em certos casos, seja o próprio enfermo causador de lesões. Um indivíduo pode iniciar envenenamento ao tomar substâncias tóxicas ou infecção intestinal se ingerir alimento infectado. // É característica da linguagem não-literária dizer: “O paciente internou”, “Ele formou em medicina”, “Ele levantou cedo”. Mas, na linguagem formal, a regência dos verbos é estabelecida por normas de uso culto.

Palavras inventadas. Na literatura médica, há grande número de termos ausentes dos dicionários. São invenções desnecessárias por haver equivalentes perfeitos no léxico. Denotam desconhecimento de linguagem e, às vezes, pernosticismo e podem estar mal formados. É recomendável evitá-los até que sejam dicionarizados ou usados por alguma autoridade em gramática ou por médicos reconhecidamente conhecedores de gramática e de linguagem médica e científica. Neologismos são bem-vindos quando não há termos substitutos na linguagem corrente, como ensinam bons lingüistas. Muitos são decorrentes do desenvolvimento científico. Alguns exemplos de nomes criticáveis, colhidos da literatura médica, e termos equivalentes registrados nos dicionários: reflexos “lentificados” (reflexos lentos), rim “funcionante” (rim produtivo ou ativo), paciente “vitimizado” (paciente vitimado), hipernatremia “dilucional” (hipernatremia por diluição), déficit “atencional” (deficiência de atenção), criança “carenciada” (criança carente), fígado “cirrotizado” (fígado com cirrose), “cirrotização” hepática (cirrose hepática), doente “analgesiado” (doente medicado com analgésico), “medicalização’ eficiente (medicação ou medicamentação eficiente), “factibilidade” (exeqüibilidade), medida “paliativista” (medida paliativa), “oportunizar” (tornar oportuno), “perviedade” (permeável), “obituar” (morrer, ir a óbito), “refluxante” (com refluxo), “topicização” (tornar tópico), “tumefativo” (tumefacto), “urgencializar” (tornar urgente), “seqüelado” (com seqüela), “recreacional” (recreativo) e outros.

Papa de hemácias. Apesar de ser expressão registrada no Aurélio [1], o termo médico mais adequado é concentrado de hemácias (recomendável usar o plural, hemácias). Também: concentrado de plaquetas, concentrado de leucócitos, concentrado de fator. A acepção própria de papa é alimento em forma de mingau, especialmente farinha cozida no leite ou na água até adquirir consistência de pasta mais ou menos espessa. Em rigor, papa de hemácias equivale a mingau de hemácias. Do latim pappa ou papa, alimento na linguagem infantil [1].

Patologia rara, patologia grave. Nos dicionários, em geral, patologia não é sinônimo de doença. Patologia significa o estudo das enfermidades. É o ramo da medicina que se ocupa das alterações sofridas pelo organismo em decorrência de doenças. Do grego pathós, sofrimento, e lógos, tratado, discurso. Incluir patologia entre os sinônimos de doença é amplamente criticado no meio médico. É impropriedade desnecessária, porque há dezenas de nomes equivalentes mais adequados em nossa língua, como: acometimento, afecção, agravo, anomalia, anormalidade, caso, condição, defeito, defeito congênito, deformidade, desarranjo, doença, desordem, desordem congênita, defeito, defeito congênito, disfunção, distúrbio, endemia, enfermidade, entidade clínica ou cirúrgica, epidemia, estado mórbido, indisposição, lesão, mal, moléstia, malformação, má-formação, morbidade, morbo, perturbação, processo, sofrimento, transtorno, caso cirúrgico, caso clínico. Ou termos específicos: associação, combinação, seqüência, enteropatia, osteopatia, pneumopatia, dermatose, toxicose, nefrose, artrose, micose, hepatite, cardite, encefalite, síndrome, díade, tríade, além dos nomes da própria doença. Em lugar de patologia do fígado, pode-se dizer, por exemplo, hepatopatia, distúrbio hepático, doença hepática, afecção hepática.

Raio X do paciente. São censuráveis expressões como: “Fazer raio X do paciente.”. “Examinar o raio X do doente.”. “O paciente fez um raio X de tórax.”. “Pedir um raio X de abdome.”. O termo cientificamente e gramaticalmente adequado é radiografia. Raios X (usa-se no plural) são radiações eletromagnéticas. Em bons dicionários como o Aulete [16], o Aurélio [1], o Houaiss [2], o Michaelis [3] e outros, raio X não é sinônimo de radiografia. Isso comprova que raio X não tem esse significado na linguagem culta. É preciso cuidar para que expressões populares, próprias da linguagem coloquial, não sejam usadas na linguagem científica formal, como publicações médicas, discursos em congressos, aulas no âmbito universitário. Por sua dubiedade, podem ser cômicas frases como: “Tirar um raio X do paciente.”. “Ver um raio X.”. “Acompanhar o raio X do paciente”.

Rehidratação. Erro gráfico. Correto: reidratação. Também se escrevem: hiperidratação, desidratação (v. h mudo).

Recuperação anestésica. São errôneas, por serem ambigüidades, expressões como “alta após recuperação anestésica”, “sala de recuperação anestésica”, “recuperação anestésica satisfatória”. É o paciente que se recupera, não o anestésico ou a anestesia. Pode-se dizer recuperação pós-anestésica ou pós-anestesia (do paciente). Ambigüidade ou duplo sentido é vício de linguagem e deve ser evitado nos relatos científicos formais. Recuperar a anestesia é o mesmo que reanestesiar o doente.

Recklinghausen – doença de Von Recklinghausen. De Frederich von Recklinghausen (1833-1910), patologista alemão [17]. Mais adequado: doença de Recklinghausen, como consignam FORTES & PACHECO [19]. Em outras línguas, também se omite a preposição von. CARDENAL [13] registra enfermedad de Recklinghausen, Stedman [17], Recklinghausen’s disease. Na língua inglesa, a repetição prepositiva (of von) é evitada pelo uso do genitivo ou pelo uso do nome antes do substantivo como expressão adjetiva: von Willebrand’s disease, von Kossa stain. A partícula von é preposição equivalente a de em português e escreve-se com inicial minúscula. Dizer doença de von Recklinghausen equivale à repetição de de. Assim, grafar Von, com inicial maiúscula, é impróprio, apesar da indicação de nobreza da preposição von em alemão. Seria como escrever João Da Silva ou Pedro De Oliveira. Reklinghausen ou Rechlinghausen são erros gráficos.

Respirador – ventilador. Muitos dicionários registram como respirador, e não como ventilador, o aparelho usado para respiração mecânica. Entretanto, do ponto de vista semântico, ventilador é termo mais exato, dado que tal aparelho ventila, ou seja, produz fluxo de ar, mas não respira, como o faz o paciente. Por conseguinte, são termos próprios: aparelho de ventilação, ventilação mecânica, ventilador mecânico, respiração assistida (apenas auxiliada pelo ventilador), respiração controlada (com ritmo imposto pelo ventilador).

Severo. Tradução incorreta do termo inglês severe em expressões como “alcoolismo severo”, “baixa estatura severa”, “anemia severa”, “icterícia severa”. Em português, grave ou intenso são os termos recomendáveis. Ex.: severe pain, dor intensa; severe infection, infecção grave. Por “anemia severa” imagina-se o mesmo ao se dizer “anemia austera” ou “anemia sisuda”.

Siglas. É comum o uso de siglas e abreviações em medicina, mas seu uso inadequado e abusivo prejudica a compreensão do texto. Freqüentemente, encontramos siglas de que não conhecemos o significado (regionalismos, ou siglas de uso pessoal) e outras com muitas interpretações. Exceto reduções muito conhecidas, como IV, AAS, DNA, sua explicação deverá ser feita em sua primeira referência no relato médico, ou poderá ocorrer, em relação a muitos leitores ou ouvintes, justo constrangimento ou falsa compreensão. Em apresentações formais, é criticável escrever pcte, qdo, tto, dn, tb, cça, c/, p/. Tais reduções são desconformes às normas gramaticais de abreviatura. É também reprovável escrever sinais desnecessariamente (mesmo em diapositivos) como substitutos de palavras. Exs.: Foi observado – (decréscimo) do número de esplenectomias. A mortalidade ­ (aumentou) em 28%. Referia dor abdominal havia ± (cerca de) 2 dias. Criança com Blumberg+ (com sinal de Blumberg).

Sintomatologia dolorosa. Sintoma é manifestação subjetiva de alterações mórbidas no paciente. Sintomatologia significa estudo dos sintomas. Sintomatologia dolorosa significa, literalmente, estudo doloroso da dor. Além disso, é expressão prolixa e pode ser adequadamente substituída por dor: Ex.: em lugar de “Paciente com sintomatologia dolorosa leve no abdome”, pode-se dizer: Paciente com dor leve no abdome. Sintomatologia é amplamente usada no meio médico como sinônimo de sinais e sintomas e devemos ter em consideração a Lei do Uso, que, infelizmente, consagra termos mesmo inadequados. Mas sinais e sintomas têm conceitos diferentes, conforme estabelecem os estudiosos de Semiótica. Assim, em lugar de sintomatologia no sentido de sinais e sintomas, podemos dizer manifestações, quadro clínico ou, explicitamente, sinais e sintomas. Nos relatos científicos formais, é recomendável usar nomes em sua acepção precisa como apregoam bons orientadores de mestrado e doutorado.

Sonda de nelaton. Correto: sonda de Nelaton. De Auguste Nélaton (1807-1873), cirurgião francês que criou uma sonda de borracha para várias utilizações médicas [17]. Nelaton não é material de que é feita a sonda, mas um nome próprio. Escreve-se, portanto, sonda de Nélaton em lugar de sonda de nelaton. É justificável a inicial minúscula para se referir, por extensão, a uma sonda nelaton ou apenas uma nelaton, como ocorre com gilete, sanduíche, lambreta, mertiolate, isolete, sutupack, angstrom e outros termos originários de nomes próprios. O mesmo se aplica às sondas de Malecot, de Pezzer, de Béniqué. Mas, nos trabalhos científicos, é substancialmente essencial usar termos técnicos consoante ao português culto, e não formas excepcionais e exceções às regras gramaticais. Importa notar que os epônimos podem ser substituídos por nomes técnicos, cientificamente mais apropriados. Adequadamente, podemos dizer sonda uretral ou sonda uretral de cloreto de polivinila (PVC) siliconizada, por exemplo.

SOS. Evitar essa sigla em relatos científicos destinados à publicação. É sinal internacional de perigo. Não pertence ao léxico médico.

Topografia. É a descrição detalhada de um local, o que se escreve sobre este. Assim, é inadequado dizer: “na topografia do baço”, “dor na topografia do rim esquerdo”, “palpação da topografia da vesícula biliar”, “fungos existentes em várias topografias do centro cirúrgico”. Em lugar de topografia, pode-se usar: área, local, localização, região. Dor na topografia do baço significa que a descrição regional do baço está doendo.

Trocater. Procede da expressão francesa trois cart, em referência às três facetas na ponta do instrumento de perfuração. Trocater, em lugar de trocarte, embora seja amplamente usado no âmbito médico, é recomendável dizer trocarte ou trocar. A mudança de fonemas é comum em nossa língua, que, dentre outras palavras, deu bliciqueta, sastifeito, pobrema, Cráudio...

Tumoração – tumor. Tumoração é palavra registrada no VOLP [4]. No dicionário Aurélio [1], está definida como formação de tumor (de tumorar = formar tumor) e presença de tumor. Regularmente, vocábulos terminados em –ão, derivados de verbo, geralmente designam o ato indicado pelo verbo ou o efeito da ação verbal (o efeito é resultado do ato). Exemplos: realização é o ato de realizar, amortização é o ato de amortizar, coloração é o ato de colorir, cicatrização, ato de cicatrizar (não dizemos “cicatrização umbilical” em lugar de cicatriz umbilical). Logo, tumoração é o ato de tumorar (formar tumor). É difundido seu uso como sinônimo de tumor, mas, pelo exposto e por amor à exatidão dos termos científicos, é recomendável usar tumor em referência à massa, e tumoração para exprimir formação ou desenvolvimento do tumor. Exs.: O tumor localiza-se no epigástrio. O tumor está aderido. A neoplasia desenvolveu rapidamente um tumor. A tumoração distendeu a região epigástrica. A neoplasia originou uma tumoração de crescimento rápido. Houve uma tumoração da neoplasia. A tumoração rápida pode causar necrose no tumor. // Pela lógica, ficam estranhas afirmações como: “Palpa-se uma tumoração.”. “Foi vista tumoração na cavidade peritoneal.”. Excetuam-se casos em que se pode ver crescimento rápido do tumor: em casos de hemorragia interna nesse tipo de lesão, por exemplo. Pelo exposto, é redundância dizer: “formação de tumoração” ou “formar tumoração”. // A maioria dos dicionários não averba essa palavra. LIMA [19], em seu artigo Expressões Médicas, afirma que “tumoração não é coisa nenhuma”. Freqüentemente, na presença do doente, usa-se tumoração para afastar o termo tumor, de sentido mais traumático. Nesse particular, pode-se dizer massa, massa tumoral, abaulamento, processo tumoral, crescimento, nódulo, tumescência, intumescência, volume, neoplasia, neo, endurecimento, neoformação e há quem use, como eufemismo, “crescimento mitótico”, lesão ou formação expansiva.

Ultrassonografia. Recomendáveis: ultra-sonografia, ultra-som. De acordo com as gramáticas da língua portuguesa, o prefixo ultra liga-se com hífen ao elemento seguinte iniciado por H, R, S e vogal. Ultrasonografia e ultra sonografia são também formas errôneas. São também criticáveis expressões do tipo: “examinar o ultra-som do paciente”, “fazer um ultra-som”. Nesses casos, é mais adequado usar ultra-sonografia.

Umbelical. Recomendável: umbilical. Embora umbelical tenha apoio etimológico, essa forma não é usada em nossa língua e, modernamente, não aparece em nenhum dicionário de português.

Válvula ileocecal. Melhor: valva ileocecal [5]. A comunicação entre o íleo e o ceco não apresenta propriamente uma válvula, mas um mecanismo esfincteriano semelhante ao piloro. Mais adequado dizer junção ileocecal.

Verbos pronominais. Há verbos só usados com pronome reflexivo (se): arrepender-se, queixar-se, indignar-se, resignar-se, suicidar-se: Paciente queixou-se de dor (e não: queixou dor). // Outros porém são pronominais só quando usados em determinadas situações: Os pacientes submeteram-se aos exames (mas não, submeteram aos exames). A ferida reinfectou-se (e não, reinfectou). O paciente levantou-se cedo (e não, levantou cedo). Ele se sentou na cadeira (e não, ele sentou). Eu não me atrasei hoje (não, eu não atrasei hoje). Deitou-se no leito (não, deitou no leito). Formou-se em medicina (não, formou em medicina). Classificou-se em primeiro lugar (e não, classificou em). Ele se acalmou (não, ele acalmou).

Visualizar – visibilizar. São verbos impróprios na acepção de ver, observar, identificar, como estão nas frases: “Visualizada lesão à ecografia.”. “Pólipo visibilizado à coloscopia.”. “Tumor visualizado na radiografia.”. Visualizar e visibilizar significam formar mentalmente, tornar visível mentalmente, como se vê nestes exemplos: O engenheiro deve visualizar bem seu projeto. O cirurgião visibilizou bem a operação no dia anterior à intervenção. // Citar que um radiologista visualizou tumor numa radiografia, pode significar que o tumor foi “imaginado”. Vizualizar e vizualização são descuidos de grafia.

Wilms (tumor de). De Max Wilms (1867-1918), cirurgião alemão. Pronuncia-se vilms. Assim como também dizemos doença de vilebrand (Willebrand), canal de virsung (Wirsung), infestação por vuqueréria (Wuchereria bancroft) incisão de vertaime-migs (Wertheim-Meigs). A pronúncia uilms tem influência inglesa, mas para essa língua a pronúncia é vernácula.

COMENTÁRIO FINAL

Este modesto glossário é pequena amostra da ampla quantidade de defeitos existentes na linguagem médica, pontos criticáveis que podem levar um relator sério a situações desconfortáveis. Aborda uma área em que há poucas pesquisas, raras publicações e vasto campo para estudos, ainda desconhecido. Mesmo se censuráveis, não é errado usar as expressões correntes no âmbito médico se trazem comunicação clara. Mas cabe ressaltar que, se um médico é cuidadoso em seus procedimentos, diagnósticos, tratamentos, e elegante em seu desempenho profissional, é congruente que se expresse em português de primeiro time.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Ferreira ABH. Novo Aurélio século XXI. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1999.        [ Links ]

2. Houaiss A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1a ed. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.        [ Links ]

3. Weiszflog W. Michaelis moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos; 1998.        [ Links ]

4. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (VOLP). 2a ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional; 1998.        [ Links ]

5. Sociedade Brasileira de Anatomia. Terminologia anatômica. 1a ed. brasileira. São Paulo: Manole; 2001.        [ Links ]

6. Haubrich WS. Medical meanings: a glossary of word origins. Indiana, USA: R R Donnelley; 1997.        [ Links ]

7. Di Dio LJA. Tratado de anatomia aplicada. 2 volumes. 1a ed. São Paulo: Póluss Editorial; 1999. p.632.        [ Links ]

8. Rey L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.        [ Links ]

9. Almeida NM. Dicionário de questões vernáculas. 3a ed. São Paulo: Ática; 1996.        [ Links ]

10. Martins Filho EL. Manual de redação e estilo. 3a ed. São Paulo: Moderna; 1997.        [ Links ]

11. Medeiros JB, Gobbes A. Dicionário de erros correntes da língua portuguesa. 3a ed. São Paulo: Atlas; 1999.        [ Links ]

12. Dicionário Larousse. São Paulo: Ática 2001        [ Links ]

13. Cardenal L. Diccionário terminológico de ciencias médicas. 6a ed. Barcelona: Salvat Editores; 1958.        [ Links ]

14. Galvão R. Vocabulario etymologico, orthographico e prosódico. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves; 1909.        [ Links ]

15. Margarido NF, Tolosa EMC. Técnica cirúrgica prática. São Paulo: Atheneu; 2001. p.155.        [ Links ]

16. Aulete FC. Dicionário Contemporâneo da Língia Portuguesa. Rio de Janeiro: Delta 1958        [ Links ]

17. Stedman TL. Dicionário médico. 25a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1996.        [ Links ]

18. Fortes H, Pacheco G. Dicionário médico. Rio de Janeiro: Editor Fábio Mello; 1968.        [ Links ]

19. Lima M. Expressões médicas. Jornal Brasileiro de Medicina. Julho de 1967        [ Links ]

Nota do Editor
Este artigo está sendo publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Brasileira com permissão especial dos autores.

Faculdade de Tradução

https://www.facebook.com/tradutorprofissional

Já disse isto mais de uma vez, não sei se já disse aqui, mas, se disse faz tempo e a página está crescendo tão rápido que provavelmente vale a pena repetir.

Uma faculdade, qualquer faculdade, em qualquer lugar do mundo, é como um bufê de restaurante. Uma porção de travessas e terrinas em cima de uma ou mais mesas, à disposição de quem vai se alimentar.

Alguns bufês são ricos, variados e de alta qualidade; outros, nem tanto. Mas normalmente dá para montar um prato nutritivo até nos mais fraquinhos. Por outro lado, não adianta ir ao melhor dos bufês se você só enche seu prato de porcaria ou prefere nem comer.

Danilo Nogueira

THE ROLE OF A DICTIONARY

MAY 17, 2013, 8:00 PM

The Role of a Dictionary

When it happens I feel as if I have stepped into a Far Side cartoon. I am a magazine editor, and the galley of an article will come back from a proofreader with a low-frequency word circled and this comment in the margin: “Does this word even exist?” or “Is this a real word?”

Usually the word’s meaning is perfectly self-evident, and the word itself is relatively simple like “unbuyable,” if not deliberately goofy like “semi-idiotic-like.” And I think to myself, of course it exists. Look, there it is, right in front of us.

Sometimes the reader puts his or her suspicion differently and asks, “Is this word in the dictionary?” Having recently spent a large amount of time researching how a particularly well-known American dictionary was made, I have a very different notion of what a word’s presence, or even its absence, in a dictionary implies.

Don’t get me wrong: I like dictionaries, including several that I consult online and most of the 11 that are sitting within arm’s reach as I write this. But my recent affair with lexicography has left me certain of a couple of things.

One is that no dictionary contains every word in the language. Even an unabridged dictionary is, well, abridged. The sciences, medicine and technology generate gobs of words that never make it into a dictionary; numerous foreign words that appear in English-language contexts are left out. A great many words are invented all the time, whether for commercial reasons or to amuse one’s friends or to insult one’s enemies, and then they simply vanish from the record.

Another is that dictionary users and dictionary makers sometimes have very different notions of what a dictionary is for. One may think of it as a legal code for language; the other considers it a very partial report. One wants unambiguous answers about spelling and meaning and grammar and usage; the other aims for neutrality, and the more serious he or she is, the more wary the person is of imposing his or her own notions of good English on the language itself.

From online dictionaries we have learned that the most frequently looked-up words sit along the bookish fringe of everyday language. Among the top ten lookups on Merriam-Webster Online at this moment are holisticpragmaticcaveatesoteric and bourgeois. Teaching users about words they don’t already know has been, historically, a primary aim of lexicography, and modern dictionaries do this well.

But, say, you’re already a person of wide reading, and it’s rare that you require such help. And spell-check (despite its own problems with low-frequency words and proper names) is getting you past the usual pitfalls of silent letters, double consonants, indiscernible vowels and other orthographic peculiarities. Perhaps you write for a living. But occasionally, before committing to a word, you like to stop and commune with it, give it a look-over and see what the dictionary has to say about it.

The lexicographer, without a lot of space to work with, has reduced the word to what he takes to be its essential meanings. You ask yourself if the relevant sense matches your proposed use.

Of course, consulting dictionaries in this way is part of our intellectual and cultural training. It goes back to Language Arts homework (“use the word in a sentence”) and vocabulary tests. But the committed writer should be loath to substitute the lexicographer’s (no doubt well-informed but hardly infallible) sense of a word for his own. Not that you get to choose, according to your own whims, what words actually mean, but there is always much more to know about a word than what a dictionary can tell you. For example, to read in certain genres and areas is to see, on a regular basis, words used in ways that lexicographers must ignore or struggle to keep up with.

Dictionary publishers love to send out a press release when they’ve caught on to an important new term from social science or youth culture or technology or politics, which is all well and good, but in following Webster’s you’re following the followers. Language is profoundly conventional, so few of us can claim to be innovators, but the ambitious writer tries to avoid saying what has already been said. This is true for ad copy, political speeches, quality nonfiction and most other types of writing. Journalism, obviously, rests entirely on the claim to be delivering something new. And what is new should sound new, seem new and maybe require quotation marks, your copy editor thinks.

Lately I have been reading “Reporting: The Rolling Stone Style,” published in 1977, which collects feature essays from the magazine’s first 10 years. What strikes me about it is that the reporters do not sound like trade journalists circulating information within a community. Rather they sound like explorers returning from far-off lands, breathless with discovery. Their writing is for people in the know, yes, but to a much a greater degree it is for people who are not in the know.

“Don’t misunderstand, they aren’t your traditional Hilton rubes, this Pasadena burgher and the little woman, they have viewed with compassion the Louds and wouldn’t be caught dead in New York in madras shorts or cameras on straps like talismans, but this, this, it does give them pause and they freeze at the curb like Lot’s wives, hit full-face by the nightmare custard pie of it . . . .”

This was an opening sentence in an article by Tom Burke describing a gay pride parade from the point of view of two well-meaning out-of-towners. Few dictionaries would tell you what the writer means by HiltonPasadenalittle womanLouds“this,” Lot’s wives or nightmare custard pie. Accounting for what words can add up to when writers explore and combine their obvious and non-obvious aspects is not what dictionaries do well or, in most cases, at all.

Early in my career as an editor I grew frustrated with what dictionaries could tell me about words and usage. An ideal dictionary would present an array of real-world examples, weighted somewhat to favor the professional over the amateur but also showing everyday usage alongside more literary examples drawn from books and movies and television and so on.

With the rise of serious online dictionaries, there are some that approach this ideal, including Wordnik and Merriam-Webster’s new unabridged version. They provide more raw information about words, enabling users to draw their own conclusions.

What a dictionary is for is rarely what a writer needs: basic help in using individual words. Of course, when a writer needs such help it is critical that he or she gets it. Only it should be kept in mind that good writing may exceed the boundaries suggested, if not intended, by dictionary definitions. As one lexicographer put it, “Nothing worth writing is written from a dictionary.”

David Skinner is the author of “The Story of Ain’t: America, Its Language, and the Most Controversial Dictionary Ever Published.” He is the editor of Humanities magazine, a member of the usage panel for the American Heritage Dictionary and a contributor to The Weekly Standard.

Excelente artigo de Danilo Nogueira

Sorry Guys, You Can’t Win
by Danilo Nogueira
 
Some time ago my e-mail included a message posted by a respected colleague discussing the qualities that made a good translator. The message read like her own CV. She believed she was a competent professional, attributed her competence to certain factors and concluded that those factors were indeed universally applicable requirements. In other words, she firmly believed there is only one road to becoming a good translator: the road she had trodden. 
 
If you translate into a foreign language, your style will be non-native. If you translate into your own language, you’ll miss the point of the original… You can’t win.
 
In fact, most good translators I know have not followed the same path as she did and many of those who have are not good translators at all; the path she followed is not the only possible one. There is no single path to becoming a good translator, there is not even a safe path that will guarantee that those who tread it will become good translators. Some trails are better than others, some are less steep, less arduous, less hazardous, some may be more appropriate to individual tastes. But there are many routes, not just a single one. 
 
Worse still, none of those roads will take us to the very top, to that exalted situation of being a complete translator, for there is no such a thing. No matter what route we follow, every translator suffers from what I call “systemic defects”: shortcomings inherently related to the particular path that this individual followed to become a translator. 
 
Perhaps, I should delve deeper into this matter taking my own situation as a starting point. 
 
I was born in Brazil, my first language is Portuguese and my English was acquired in high school. I have spent less than thirty days in English-speaking countries. That gives me a definite edge in translating from Portuguese into English. As a matter of fact, I find translating from English a little terrifying.
 
 
Native Stylus vs. Native Style 
 
This is what I call the stylus edge. I found the stylus vs. style thing so cute I could not resist using it here. If you see it used somewhere else, please, remember that this is my creation, or at least I think it is. But let me explain what I mean by native stylus. 
 
Long ago, during the LP-era, I read an item claiming that the most valuable piece of equipment one could buy for one’s stereo was a stylus.Stylus, as you’ll remember, is what everybody called a needle. The guy proceeded to explain that most people spent a fortune on speakers, amps, pre-amps and God knows what else, but went Uncle Scrooge when purchasing a stylus. This was an error, the guy said, because the stylus picks up the sound and if it does not do a good job of it, there is nothing the rest of the system can do to improve the sound. 
 
Yes, indeed. My style is not native—but my stylus is. Because Portuguese is my native language and I have always lived in Brazil, I can easily pick up and understand half-hidden shades of meaning and cultural allusions that would go unnoticed if I were not a native speaker. 
 
Not that I can always explain it well in English: that is the privilege of the native speaker, the guy who’s got the native style.
 
 
The Advantages of Transplants 
 
Alas, had I lived abroad, my English would be a lot better. Or might be, because a lot of people live abroad for ages and never learn the language, as everybody knows. 
 
People who have lived abroad claim they make the best translators because they are native speakers of Portuguese and speak English like a native. Their detractors claim their Portuguese starts getting funny long before the improvement in their English begins to show and that she speaks like a native actually means she speaks as only a foreigner will. 
 
Both sides are right to some extent (meaning both are wrong most of the time). The fact is that no matter where you live, your day still has twenty-four hours and the more contact you have with English, the less contact you have with Portuguese. As we say down here, you cannot whistle and chew sugar cane at the same time. But I can think of several types of jobs better entrusted to a transplanted translator than left in the hands of a stay-at-homer. 
 
 
Not All Translators are Brazilian, Can You Believe That 
 
Of course, we do not have a monopoly on translating from Portuguese—or into Portuguese, for that matter. Lots of Americans are doing it these days. Many of them even do Portuguese as a “second” to Spanish. 
 
Americans translating from Portuguese into English have better styles than styluses (this is becoming too obvious and quite boring, but I must go on and on) and must work on the decoding side of translation with the same gusto I work on the encoding side. 
 
A translation into English by an incompetent foreigner is a laughable string of nonsense. This is a good thing because the very absurdity of it all will tell the reader the translation cannot be trusted. So it is no security risk. 
 
A translation into English done by a native speaker whose style is OK but who lacks stylus is a lot more dangerous. Because the translation looksOK and reads like decent, honest English, the reader who has no access to or does not understand the original is misled into believing it iscorrect. 
 
This type of translation is what the French call the belles infidèles, the unfaithful beauties: beautiful text that fails to reproduce the meaning of the original.
 
 
Les Belles Infidèles 
 
The term refers to a certain type of translation popular in the nineteenth century, that made excellent reading in French but did not reflect the original for several reasons, including the fact that the translator often was not entirely conversant in the original language. 
 
Unfaithful beauties are not restricted to translations into English. Plenty of them are done from English into Portuguese by Brazilians who believe a few lessons in English or a short stay in the U.S. attending high school under an exchange program entitles them to translate anything.
 
 
Are you a professional 
 
Some of my clients do not object to the fact I am Brazilian (I became a crack stylus salesperson), but would rather have the stuff translated by a lawyer or an accountant, under the belief only a “professional” can handle “technical stuff.” 
 
As if translators were not professionals! 
 
It is often difficult to explain to them that translating is a profession and that a good lawyer does not necessarily a good translator make. Somelawyers are excellent translators, certainly, but most are not. Same goes for accountants, doctors, cockroach-breeders and members of other equally worthy professions, trades and calls. 
 
As a matter of fact, being a “professional” (meaning lawyer, accountant, etc., not “professional translator”) may be an asset but often it is a liability. Those “professionals” produced some of the worst translations I have seen, for many of them find it impossible to resist the temptation to make an improvement here and another there. 
 
This type of person can be truly difficult as a reviser. A client once made several changes in one of my translations (into Portuguese, for a change) on the grounds that the entity he represented held a different position on the matter and could not publish that rubbish under its name. 
 
It took me more than an hour of heated discussion to convince the man that the text did not purport to convey the opinion of the Brazilian entity. The very purpose of having it translated was to inform the Brazilian public what the foreign professional thought. In the end my, translation was published unchanged, without the benefit of reviser-imposed improvements. I am very good at stamping my foot. 
 
Surprisingly, this denial of translation as a profession also occurs among translators themselves. My brethren often accept the dictum that translations of poetry are best left to poets. Sorry, pals, but I cannot agree. Some poets may be very good translators, no doubt, in the same manner some poets cook well, play admirably on the sackbut or can perform any number of wonderful feats. 
 
But that should not be taken to mean that all poets are good translators or that only poets can translate. Many simply write original poetry, good or otherwise, and publish it as translations or transmogrifications of someone else’s work. If you do not believe me, just have the their so-called translations translated back into the original language by a competent translator who does not know the text purports to be a translation, if I make myself clear. Then, compare the original with the back-translation. Any similarity will be mere coincidence. 
 
Those people remind me of Fritz Kreisler (1875-1962), a great Austrian violinist who used to play encores by Pugnani (1731-1798). When a critic asked a few awkward questions, Mr. Kreisler, always the diplomatic Viennese, claimed that the bonbons had been composed by himself, in the manner of Pugnani. That did not improve the musical quality of the pieces but helped pinpoint responsibilities.
 
 
Degrees and all that 
 
The old guard (pace Cambronne) never took a degree in translating because there were none to be taken during our salad days. And as old guards are wont to do, we did not surrender to the hordes of degree-bearers that colleges and universities have been pouring into the market of late. 
 
Don’t take me wrong. I am all in favor of college training for translators and have had the honor to address student audiences in at least ten different colleges. If I were young and wanted to become a translator, I would certainly enroll in one of those colleges (not any of them, though) and dutifully work for a degree. 
 
Some respected members of the Old Guard, however, affirm the best way to spoil a talent for translation is to put its holder through a college course in translating. I do not agree. When Pixinguinha (please, do not pronounce it pi-ksin-gwin-ha, it is pee-sheen-gheeng-ya—or nearly so)entered the Rio Conservatoire everybody said he would never compose anything of value again. They were wrong and so is anyone who says school is bad for you. 
 
But some facts are true: translation courses range from excellent to horrible, not to say plain evil, and not all graduates are nearly as competent as they believe they are. And, as all new graduates, they need a bit of experience to become good professionals. 
 
On the other hand, not all of those who have learned by holding their several noses very close to the grindwheel are as competent as they would like you to believe they are. The guy who claims he (more probably “she,” for most translators are women) has been a translator for thirty years may in fact have been a mistranslator for all that time. 
 
 
Conclusion-wise: 
 
If you translate into a foreign language, your style will be non-native. If you translate into your own language, you’ll miss the point of the original. If you live abroad, your native language will get a bit rusty, and you’ll never write the foreign language like a real native does. If you are a translator, you’ll fail to grasp the fine technical points of the original or to convey them to the reader using the appropriate language. If you are a non-translator you should be doing your thing, not translating, because you do not know how to translate. If you do not have a degree, you lack the necessary theoretical foundation. If you have a degree, you lack the necessary practice. 
 
You can’t win.

 

© Copyright Translation Journal and the Author 2000
Send your comments to the Webmaster 
Last updated: 12/20/2010
 
*****************************************************************************************
 

  

Sobre o ofício do tradutor

Mais exercícios que resultados…

 Segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sobre o ofício do tradutor


Traduzir não é fácil. Quem diz isso não sou eu, mas um dos mais experientes tradutores brasileiros: Paulo Henriques de Britto (tradutor de Dickens, Ian McEwan, Henry James, Philip Roth, Swift, Faulkner, etc.). Portanto, a fim de desfazer a ideia equivocada de que basta saber uma segunda língua e ter algum tempo livre para se tornar um tradutor, recomendo, inicialmente, a leitura de três livros relativos ao ofício:

  1. Paulo Henriques Britto, A Tradução Literária. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012. (obra da qual tirei a citação que abre este texto)
  2. Paulo Rónai, Escola de Tradutores. Rio de Janeiro, José Olympio, 2012. (edições anteriores da Nova Fronteira)
  3. Paulo Rónai, A Tradução Vivida. Rio de Janeiro, José Olympio, 2012. (edições anteriores da Nova Fronteira)

Esses três livros são de caráter introdutório e têm como principal virtude o fato de terem sido escritos por tradutores de verdade, não meros teóricos. Praticamente tudo o que dizem está enraizado em sua experiência e em sua erudição. Os livros do Rónai impressionam pela leveza, pela fluidez da linguagem, pela clareza da exposição, sobretudo quando se leva em conta o fato de o autor ser um húngaro que aprendeu português já depois de adulto (o detalhe é que seus professores de português foram Aurélio e Houaiss!). São verdadeiros clássicos dos estudos de tradução em língua portuguesa, pioneiros neste campo de estudos no Brasil. O livro do Paulo Henriques de Britto acabou de ser lançado, o que significa já ser uma obra da maturidade, em que se somam suas experiências de escritor, poeta, tradutor e professor de teoria da tradução. Esses livros já são suficientes para desfazer a ideia de que basta conhecer outra língua para se pôr a traduzir.

Além destes, para que cada etapa do processo tradutório seja feito de modo consciente, é igualmente recomendável a leitura de:

4. Brenno Silveira, A Arte de Traduzir. São Paulo, Unesp/Melhoramentos, 2004.

Este livro pode ser considerado um verdadeiro manual preventivo de problemas. Phrasal verbs, falsos cognatos, expressões idiomáticas, tudo isso é abordado de modo a chamar a atenção para o que requer atenção!

Se, por acaso, você tomar gosto pela discussão mais teórica, vale a pena ler:

5. Umberto Eco, Quase a Mesma Coisa. Rio de Janeiro/São Paulo, Record, 2007.

Umberto Eco é semioticista (que não deixa de ser uma espécie de linguista), tradutor e autor traduzido. E todas essas perspectivas se mostram nessa obra.

***

Para além de conhecer a língua estrangeira, é imprescindível um domínio da língua portuguesa. E domínio implica não só a capacidade de utilizar a língua com eficiência, mas também a capacidade de analisar suas estruturas fonéticas, morfológicas, sintáticas e semânticas; compreender seus mecanismos de funcionamento, seu potencial expressivo, etc. Isso, (in)felizmente, requer trabalho e requer estudo. Cito outros três livros, muito úteis para compreender a que me refiro:

6. Othon Moacyr Garcia, Comunicação em Prosa Moderna. São Paulo, FGV, 2010. (várias edições anteriores)

7. Gladstone Chaves de Melo, Ensaio de Estilística da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Livraria Editora Padrão, 1976. (Esgotado, encontrável apenas em sebos. Mesmo se for caro, vale o quanto custa!)

8. Adriano da Gama Kury, Novas Lições de Análise Sintática. São Paulo, Ática, 2003.

Os três são livros de estudo que requerem certa perseverança e prática. O do Kury e o do Othon Garcia têm exercícios de fixação. Não desdenhem do livro de análise sintática; para quem almeja ser tradutor saber sintaxe é ter em mãos uma ferramenta de trabalho.

Quanto às obras de referência, dou toda ênfase a:

9. Agenor Soares dos Santos, Guia Prático da Tradução Inglesa. São Paulo, Elsevier, 2007.

Apesar do título, trata-se de um dicionário dedicado a falsos cognatos e outras armadilhas da língua inglesa. Ao final, dou uma lista de obras complementares que podem ser igualmente úteis.
***

Antonio Fernando Borges escreveu um livro chamado Não Perca a Prosa, que contém lições preciosas. Entre outras, num de seus exercícios ele nos manda escolher determinados autores e imitá-los. Ele sugere, por exemplo, que se leia uma série de crônicas de Nélson Rodrigues e depois se escreva uma crônica imitando o Nélson. Ler e imitar, ler e imitar. Vários autores. Ao final, este exercício acabará por nos tornar leitores mais atentos, de modo a perceber certas constâncias de estilo nos autores que lemos. Menciono tudo isso porque:

Para praticarpodemos imitar o estilo de um autor que escreve na nossa própria língua como exercício escolar;

Ao traduzirdevemos imitar o estilo de um autor que escreve numa língua diferente da nossa como dever de ofício.

É claro, nessa fase da imitação, é bom que se escolham livros de diferentes gêneros e, principalmente, que se leiam livros de autores brasileiros e obras traduzidas. Um exercício curiosíssimo, por exemplo, é ler Alice no País das Maravilhas, no original e nas diferentes edições brasileiras (Cosac, Zahar), para ver como certos problemas foram resolvidos. Minha maior recomendação é que, durante algum tempo, haja dedicação aos aspectos formais do texto (escolha lexical, construções sintáticas…), até que se saiba bem, por exemplo, quando cabe uma subordinada concessiva e quando cabe uma adversativa (o Othon exemplifica bem a diferença). Ao lidar com textos, descobrimos a utilidade daquelas aulas de análise sintática que às vezes nos entediavam. Identificar a oração principal e as subordinadas passa a ser tão importante quanto apreender o conteúdo do que está sendo dito. Mais do que isso: em muitos casos, é condição para apreender o que está sendo dito. E, com isso, chego ao último ponto que julgo recomendável: estude latim. Uma vez que, em latim, as funções sintáticas são marcadas morfologicamente e a ordem das palavras é mais ou menos livre, é imprescindível que se faça análise sintática de cada sentença, sem o que simplesmente não se pode compreender o que está sendo dito. Ora, este é o treinamento perfeito para a aquisição do hábito de analisar sintaticamente os textos no mesmo ato em que se lê. Fácil não é; mas é possível.

Bibliografia sugerida

Obras de estudo

Antonio Albalat, A Arte de Escrever em 20 lições. (Só se encontra em sebos!)
Idem, A Formação do Estilo pela Assimilação dos Autores. (Idem – são livros velhos e preciosos. Affonso Romano de Santana disse que foram estes livros do Albalat que fizeram dele um escritor!)
Francine Prose, Para Ler como um Escritor. Trad. Maria Luiza Borges. Rio de Janeiro, Zahar, 2008.
Rodrigues Lapa, Estilística da Língua Portuguesa. São Paulo, Martins Editora, 1998.

Obras de referência

Domingos Paschoal Cegalla, Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Lexikon, 2009.
Antonio Geraldo da Cunha, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Lexikon, 2010.
Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, Dicionário Analógico da Língua Portuguesa – Ideias Afins. Rio de Janeiro, Lexikon, 2010.
Fancisco Fernandes, Dicionário de Sinônimos e Antônimos da Língua Portuguesa. Edição revista e ampliada por Celso Pedro Luft. São Paulo, Globo, 2002.
Antonio Carlos do Amaral Azevedo, Dicionário de Nomes, Termos e Conceitos Históricos. Rio de Janeiro, Lexikon, 2012.
Celso Pedro Luft, Dicionário Prático de Regência Nominal. São Paulo, Ática, 2009.
Celso Pedro Luft, Dicionário Prático de Regência Verbal. São Paulo, Ática, 2009.
Denis Huisman, Dicionário dos Filósofos. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia. São Paulo, WWF Martins Fontes, 2012.
J. Ferrater Mora, Dicionário de Filosofia, 4 vols. São Paulo, Edições Loyola, 2001.

Congresso Abrates 2013 – a Hora e a Vez da Tradução

SOBRE O CONGRESSO

Estamos muito felizes em anunciar o IV Congresso Internacional de Tradução e Interpretação da Abrates. O tema será “A Hora e a Vez da Tradução”.

Discutiremos a nossa atuação profissional no contexto nacional e internacional delineado pelo crescente papel de destaque do Brasil em decorrência dos próximos eventos esportivos a serem realizados no país.

Nosso keynote speaker será Henry Liu, vice-presidente da FIT (Fédération Internationale des Traducteurs/International Federation of Translators). Teremos a presença de representantes do COI e da FIFA e diversos profissionais e especialistas que abordarão vários temas, como Mercado de Tradução, Tradução Literária e Direitos Autorais, Postura do Tradutor como Profissional, Interpretação e Formação de Intérpretes, Ferramentas de Auxílio à Tradução, dentre outros. Montamos uma sala exclusivamente dedicada a assuntos relevantes para estudantes e quem ainda está iniciando na carreira.

Escolhemos como sede do evento a cidade de Belo Horizonte, que tem investido fortemente em sua estrutura para eventos, além de ter uma localização central, que consideramos atraente para termos participantes de todo o país.

Contamos com a sua presença! Inscreva-se e venha fazer contato com empresas do ramo e colegas de todo o Brasil.

Empresários, entrem em contato para conhecer os planos de patrocínio e contem com a nossa parceria para divulgar sua empresa ou produto no maior evento do ramo no país.

Leia mais em:

http://www.congressoabrates.com.br

Navegação de Posts